sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Procura-Se...


Procura-se um amigo. Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimento, basta
ter um coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir o que as palavras não dizem. Tem
que gostar de poesia,de madrugada, de pássaros, das estrelas, do sol, da lua, do canto dos ventos e das
canções da brisa.
Deve ter amor, um grande amor alguém ou então sentir falta de não ter esse amo. Deve amar
o próximo, respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.
Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão.
Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro,
nem que seja de todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perde-lo, e no
caso se assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa.
Tem de ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir
pena das pessoas tristes, e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e
lastimar as que não puderam nascer.
Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova ao ser chamado de
amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações da
infância.
Preciso de um amigo para não enlouquecer, para contar o que vi de belo e triste durante o
dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade.
Deve gostar de ruas desertas de poças d’água e de caminhos molhados, de beira de estrada,
de mato depois da chuva, de se deitar no capim. Preciso de um amigo que diga que vale a pena viver,
não porque a vida é bela, mas porque já tenho um amigo.
Preciso de um amigo para parar de chorar. Para não viver debruçado no passado em busca de
memórias perdidas.
Que bata nos ombros sorrindo e chorando, mas que me chame de amigo, para que eu tenha
consciência de que ainda vivo

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